sábado, 24 de novembro de 2018

O ÚLTIMO COPO DE RUM

Olhou para garrafa ainda pela metade, pegou e a atirou pela janela, ninguém deveria estar acordado naquela gélida cidade, mas quem sabe com um pouco de sorte podia atingir alguém e aí viraria manchete em algum jornal idiota. Após aquela dose observou a casa revirada, o gole pareceu curar um pouco sua ressaca, a cabeça ainda doía, resolveu que era hora de dar uma geral em tudo. Juntou uma garrafa, mais outra e sentou na cama, estava imprestável como sempre. Procurou em volta e logo se arrependeu da garrafa voadora.
 A onde estava com a cabeça para fazer aquilo, até parecia que tinha dinheiro pra comprar outra. Resolveu ligar pro Jim, um caipira que conhecera anos atrás, rapaz simples e de bom coração. Lembrou de que quando o viu pela primeira vez pensou, como alguém podia beber tanto? Agora era ele que devia pensar isso. Jim atendeu o telefone e 10 minutos depois estava lá com algumas cervejas. Foi o que deu pra comprar disse com tristeza em sua voz. Os dois se arrumaram pelos cantos e beberam, falaram de futebol e mulheres e logo... dormiu. Acordou sabe-se lá quanto tempo depois com Jim o chamando, acorda, elas estão vindo.
Levantou sem saber direito como, já sabia quem eram, as únicas que aceitariam vir na casa naquele estado.. Resolveu tomar um banho, enquanto a água caia gelada em suas costas pensou em na garrafa arremessada, de certo agora ela seria útil para mantê-lo mais "sóbrio". As garotas chegaram, trouxeram algumas bebidas e drogas não tão usuais, e em meio a gemidos, risadas, brigas e desafios inúteis a noite seguiu.
No outro dia, ou no dia depois do outro acordou, ninguém mais estava lá, sua cabeça parecia ter sido alvo de uma bala de canhão. Levantou tão rapidamente quanto sua cabeça deixava e olhou em volta, viu que tudo continuava lá, exatamente igual. Exceto por um novo vomito em seu colchão, era a única coisa que parecia bem nova. Ficou pensando se foi ele ou alguma das gurias, ou quem sabe jim. Não soube responder, depois de tudo girar muito focalizou a frente sua antiga máquina de escrever, a única coisa que restará intacta desde o tempo que viera para cidade com milhares de ideias de mudar o mundo.
Foi até ela sem saber porquê e ao sentar à sua frente estava ali, logo ao lado... A maldita garrafa. Como podia, ele havia a arremessado, lembrava disso muito bem, ela ainda estava na metade, encheu o primeiro copo que achou e pensou em um título para seu texto, O ÚLTIMO COPO DE RUM.

quarta-feira, 7 de novembro de 2018

Eu nunca entendo as coisas
este mundo acelerado
seus carros, passos.
Pessoas em seus meios
formigando em seus centros
trabalhando medos
e votando em receios.
Eu ainda não me sinto apto
busco qualquer razão
pra entregar meu coração
em delírio.
Até onde valem os erros
se nunca aprendemos,
eu queria voar
com qualquer desejo.
Os toques, as moças,
olhares profundos
sem lágrimas nem desespero.
Este mundo parece um bueiro
tudo de errado nas janelas do pc
torto das costas numa cadeira
sem força nenhuma pra revidar
e mandar pra merda todos os planos
que fizeram por eu não me importar.
Agora tenho lágrimas mortas
caindo na face frigida de quem desiste de tudo.

Me encontro em um canto triste.
aquele lago de um tempo secou
escuto os últimos pássaros
será muito cedo?