sexta-feira, 3 de julho de 2015

Sobre manhãs e calçadas.

O sol me acerta com seus raios em uma manhã embriagada e arrastada. A calçada estrábica dessa cidade incerta me da ânsia. Dou passos calmos e imprecisos, busco seu sonho em meu interno. Escrevo com as nuvens que se formam histórias mais belas, antes que a tempestade nos afogue em um mar de bitucas. Escuto tantos males, infernos que queimam em todos, levianos pensamentos universais que grudam como cola em meus sapatos, pelo menos preso não há riscos de torcer o pé. Creio que nesta cidade melhor seria nascer aranha, cheio de olhos e com oito patas para equilibrar. As paredes pichadas são mais retas. Duro seria fugir das chineladas. talvez seja sorte mesmo ficar colado. Os riscos de morte estão cada vez mais altos, é bala perdida, pinha caída e tropeço na esquina. Um som toca em algum lugar, um chiado moderno chamado música por algum entendidinho. Nada muda, longe ou perto, somos sempre os mesmos, imperfeitos e bonitos em toda incerteza.


Eric Laffitte Gaidus

quarta-feira, 1 de julho de 2015

Dos passeios no passeio.

Ouvindo a prosa pública nesse passeio pobre, sentindo o sol gelado penetrar minha alma em meio a jaulas e gritos desesperados enrijece até as últimas extremidades do meu corpo. O senhor em seus trapos e cartas marcadas, afirma saber o que ninguém sabe, balbucia aos ares coisas inacreditáveis, é taxado por louco e levado de ambulância pra um hospital de loucura. Outro vendo que seu destino podia ser o mesmo se cala, deixa guardado o que poderia nos salvar! Quem sabe com um pouco de sorte a gente não precise ser salvo. Aí serei eu seu novo amor, carregado morto pelas ondas magnéticas de seu ciume atroz, impedido de sorrir pela facada precoce que atravessa-me as palavras e me deixa sem voz. Creio que tenha me perdido, em algum ponto foquei em meus devaneios, este nunca foi meu objetivo, peço desculpas por me estender nas inutilidades interiores, essa mesquinhez de acreditar que tenho tudo em mim já me causou diversos problemas. Mas voltando ao passeio, suas aves esquálidas presenciam o beijo voraz de quem foge de uma aula chata para amar. Fecho e abro as mãos, não posso me deixar endurecer, que triste seria virar uma estátua neste lugar. Minhas pernas enfim respondem, chego ao círculo, mas aí já é outra história.


Eric Laffitte Gaidus