quarta-feira, 1 de julho de 2015

Dos passeios no passeio.

Ouvindo a prosa pública nesse passeio pobre, sentindo o sol gelado penetrar minha alma em meio a jaulas e gritos desesperados enrijece até as últimas extremidades do meu corpo. O senhor em seus trapos e cartas marcadas, afirma saber o que ninguém sabe, balbucia aos ares coisas inacreditáveis, é taxado por louco e levado de ambulância pra um hospital de loucura. Outro vendo que seu destino podia ser o mesmo se cala, deixa guardado o que poderia nos salvar! Quem sabe com um pouco de sorte a gente não precise ser salvo. Aí serei eu seu novo amor, carregado morto pelas ondas magnéticas de seu ciume atroz, impedido de sorrir pela facada precoce que atravessa-me as palavras e me deixa sem voz. Creio que tenha me perdido, em algum ponto foquei em meus devaneios, este nunca foi meu objetivo, peço desculpas por me estender nas inutilidades interiores, essa mesquinhez de acreditar que tenho tudo em mim já me causou diversos problemas. Mas voltando ao passeio, suas aves esquálidas presenciam o beijo voraz de quem foge de uma aula chata para amar. Fecho e abro as mãos, não posso me deixar endurecer, que triste seria virar uma estátua neste lugar. Minhas pernas enfim respondem, chego ao círculo, mas aí já é outra história.


Eric Laffitte Gaidus

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