sábado, 27 de junho de 2015

Extinto.

Acordou por outro dia, sabia que devia persistir, que devia lutar, que quem sabe exista alguém de mesma espécie e descobrisse que não estava sozinho. Os predadores bípedes tinham dominado tudo, pareciam estar em todos os lugares, o verde estava cada vez menos presente, mesmo suas presas pareciam estar condenadas. Lembrava das histórias de seu avô, que ele dizia ser passada há muitos anos, de que nem sempre aquele bípedes desalmados dominaram o mundo que conhecemos, antes disso, felinos, parentes distantes caçavam e eram considerados os donos do mundo. Por questão de ciclos e nobreza deixaram que os primeiros seres frágeis a andar sobre duas patas continuassem a viver. O coração grande de uns levou esse mundo a ruína dizia o velho. Agora já tem tempos que o senhor tinha partido, caçadores com seus tubos que disparam luzes o atingiram. Seguia sempre que possível para o leste, tentando encontrar alguma fêmea, mas no fundo sentia que era o último. Em algum daqueles dias ele teria de se entregar, ou aos predadores ou ao tempo. De fato já não era jovem, bem pelo contrario, ainda possuía agilidade, mas aquilo não ia durar muito, o tempo passa muito rápido. O último dos seus, magro, caminhou sozinho por uma zona árida, sentiu sede e não encontrou água, lembra que quando jovem passou por aqueles lugares e haviam arvores, como tudo pode mudar desta maneira. A respiração acelerada durou pouco, a boca seca, se entregou, deixou que o deus gato o levasse para longe deste mundo decaído.

Eric Laffitte Gaidus

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